quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Orgulhosamente sozinhos (Último testamento caro chinelo)

É preciso ter em atenção tudo o que se passa no concelho de Constância e seus “ilustres” cidadãos, tudo o que se diz e alvitra, tudo o que se pensa e regurgita. Eu, na minha singela opinião, cansada e derrotada deixo aqui, neste espaço insignificante, as minhas últimas palavras. Últimas porque não vale a pena gastar mais tempo com coisas que não merecem muitos mais minutos de vida preciosa.

De ressalvar que quando este ventoalerta surgiu, minutos (!!!!) após a primeira publicação, foi imediatamente atacado com terrível violência pelos autores do “controversosm”, sem que nada o esperasse e sem que de modo algum, da minha parte, tenha havido quaisquer alusões, negativas ou positivas, sobre os chinelos. Confesso que isso me desmotivou irremediavelmente. Tivesse eu alguma esperança de ter oportunidade de esgrimir opiniões de forma saudável com outros bloggers elas logo caíram por terra.

Não me reconheço neste tipo de comportamentos inócuos e vazios, gratuitamente violentos e de ódio inexplicável e irascibilidade infantil. Não vou gastar mais tempo que este, reafirmo, com pessoas iradas, pequenas e que pouco ou nada conhecem do mundo para além do que vão lendo nos jornais e vendo na televisão. Tenho pena pelos amigos (agora vejo que poucos) que tenho no concelho. Muita pena. Porque estive calado e ouvi, senti, imiscui-me e fiquei a saber quem são, como são, mesmo sem maquinetas ou software para ler IPs e saber localizações de autores de comentários qual 007 que mais seria tripla nulidade (000).

O que os intervenientes desta blogosfera querem é explícito: “um mundo só para nós e para as nossas famílias. Viva o comunismo!”. No meio do meu pessimismo alguma “esperança” (vide ironia):

- Não, o funcionário deslocado, tão enxovalhado pelos cidadãos e comentadores do chinelo, alguns, decerto, pretensos amigos do visado, não verá provado em tribunal que foi vítima de perseguição política imberbe e haverá festa no Centro Ciência Viva com máximo êxtase.

- Não, a associação pereirense não será punida por alegados actos contra estatutos e a dita não é braço direito questionável do poder político vigente.

- Não, o Município não pode ser sancionado por gastar dinheiro dos contribuintes a fazer obras em propriedade privada a seu bel-prazer;

- Não, não há tachos nenhuns na CMC nem votos ganhos através destes;

- Não, o concurso público agora em curso para novos cargos na Câmara Municipal de Constância não será atribuído a actuais funcionários da edilidade e outros que concorram terão a sua oportunidade de entrar nos quadros, pelo seu mérito e não pela sua ligação política. Mesmo que um máximo autarca tenha dado a entender que era um concurso público mas com tendências internas.

- Não, os cidadãos que saíram do concelho em busca de melhores condições de vida não serão alvo de desdém pelos acérrimos defensores, irredutíveis, quando opinarem sobre a sua terra e o ambiente será de saudável camaradagem entre todos,

-Não, os cidadãos de Constância, os que montaram todo um circo, não são pessoas de má índole, nem de mau carácter, ou de consciência suja. Não têm podres nem defeitos, só qualidades. Têm toda a razão, pois claro, em publicar salários de outras pessoas, de inventar boatos e lançar suspeitas, de atacar publicamente indivíduos que pelo que dizem deviam estar presos. O espantoso é não estarem presos. Não, o problema aqui é que a justiça não funciona. Não, se ela não funciona não foram os cidadãos chinelo adoradores que partiram para o linchamento popular.

Treta. O que os habitantes de Constância querem é algo de completamente diferente. Eis o que querem, desejam, sonham: um feudo pseudo-comunista (o comunismo que versam não é o meu)!

As minhas pistas, singelas, para um futuro melhor para a VOSSA Constância.

1º passo: Reivindicação de autonomia para o concelho! Uma vez alcançada procede-se à expulsão dos “estrangeiros” e ocupação das casas dos expulsos pelos verdadeiros comunistas. Os casais em que um dos elementos não subscreva a doutrina comunista deve ser separado tendo o outro membro do casal cerca de um quarto de hora para decidir se fica ou se parte com a cara-metade. Este espaço de tempo engloba igualmente os procedimentos de colecção dos seus pertences materiais (aparte ouro, prata e alimentos e medicamentos dentro do prazo de validade) e saída dos limites fronteiriços. Montalvo seria alvo de expropriação, oferecida ao concelho de Abrantes porque são quase “todos uma cambada de energúmenos socialistas” e por ser uma localidade onde nada acontece, não há união nem espírito de associativismo ou movimento desportivo, cultural e cívico ao contrário do resto do concelho. Os poucos comunistas de Montalvo, oprimidos pela falta de qualidade de vida na localidade, ganhariam as casas e terrenos adquiridos com a expulsão dos outros;

2º passo: Encerramento imediato das fronteiras. A decrépita ponte sobre o Tejo passaria a mais-valia. Menos tráfego, menos possibilidade de influência anti-revolucionária. Encerramento da estrada de acesso ao concelho da Chamusca mas com posto de entrada para fiscalizar a entrada apenas dos chamusquenses do Carrinho. Posto mais rigoroso na entrada pela ponte do Zêzere e acesso desde a Barragem e do agora abrantino Montalvo. O tanque em Santa Margarida seria reparado e apontado à curva que vem de Tramagal. Posto fronteiriço instalado na ponte junto aos antigos pessegueiros;

3º passo: Constituição de um Tribunal popular, tutelado pelo máximo representante, com varas em cada café ou taberna. Aprovação de uma lei de acolhimento das guerrilhas comunistas espalhadas pelo mundo que ajudariam a patrulhar as fronteiras e a contrabandear medicamentos provenientes da África subsariana;

4º passo: Colocação de guerrilheiros nas matas, em pontos estratégicos para abater qualquer intruso que atente contra a hegemonia e (agora ainda maior, como se isso fosse possível) qualidade de vida instaurada no concelho de Constância. O campo Militar de Santa Margarida teria de ser ocupado ou, na impossibilidade, roubado de material bélico útil à revolução;

5º passo: instalação de um chip nos diplomatas e cidadãos do novo estado de Constância, intra-cutâneo, com leitura digital à distância. Em caso de avaria no equipamento o diplomata e cidadão em causa pode requerer a reprodução sonora da “Carvalhesa” para comprovar a sua militância e deverá entrar aos pulos e saltos desconcertantes pelos postos fronteiriços. Esta situação apenas se aplica a diplomatas que se ausentem do concelho para visitas institucionais a Cuba, China, Rússia, Venezuela e outros estados amigos ou aos cidadãos com dificuldade de implantação do chip que sejam enviados, sob escolta, à festa do Avante para maior forma(ta)cão;

6º passo: Destruição de quaisquer materiais subversivos, livros, filmes, músicas, entre outros. Quaisquer casas ou automóveis cor-de-rosa deverão ser pintados de outra cor, neutra ou vermelha. Na impossibilidade dessa alteração dever-se-á proceder à destruição sumária das casas e os carros serão postos em jangadas e enviados rio abaixo.

7º passo: O telescópio deverá ser alterado e servirá também para bloquear qualquer difusão vinda do exterior para o território. A internet será bloqueada e surgirá um canal televisivo exclusivo que emitirá apenas na Herculano, bem como um boletim de duas páginas por edição em forma de mensário para informar os felizes cidadãos de algum óbito, alteração de meia dúzia de pedras nalgum passeio, poda de árvores ou novos horários das canoas que fazem as ligações entre margens. A televisão emitirá discursos de Hugo Chavez, Fidel Castro e programas sobre a história do comunismo de leste e da grandiosa república popular da China.

8º passo: Dada a escassa possibilidade de financiamento do concelho, tendo em conta a impossibilidade de auto-suficiência do pequeno paraíso para obras e monumentos grandiosos para garantir materiais de construção e dinheiro para as deslocações internacionais de seus diplomatas, proceder-se-ia à conversão da fábrica do Caima, mantendo as suas funções para a produção de papel para propaganda e as resmas de papel necessárias aos procedimentos fundamentais do território. Uma grande parte da fábrica serviria para processamento de estupefacientes que seriam contrabandeados pelas guerrilhas, seja por jangadas ou pelo meio do mato. Outra das funções da fábrica seria o do fabrico de mortalhas, garantindo assim o monopólio do negócio.

9º passo: Limitação de 1 filho(a) por casal devido à escassez de recursos e porque evita uma maior percentagem de tresmalhados (leia-se não comunistas) entre as probabilidades de futuro dos rebentos. Apesar da apertada malha propagandística o diabo pode tecer problemas de genéticas antepassadas.

10º passo: Proclamação de uma nova culinária regional, neste caso estatal. Passaria a haver uma alimentação à base de chao-min de lampreia e chop-suey de enguia. Isto seria possível com a entrada autorizada de cidadãos chineses amigos que ficariam responsáveis por uma parcela de terreno destinada ao cultivo de bambu, couve chinesa, cebola, cenoura e outros alimentos susceptíveis de possível aceitação ao clima de Constância. O contrabando será a solução para os outros componentes alimentares.

11º passo: Criação de uma comissão que procederá a uma investigação intitulada “Avaliação Mendista” que tentará perceber se o chip de certo cidadão está a ser rejeitado pelos anti-corpos do mesmo. Na verdade esta é uma comissão fictícia pois os resultados já serão conhecidos à partida. Independentemente desse conhecimento o cidadão em causa será elevado a líder honorário devido à sua preciosa ajuda na construção de um açude para geração de electricidade no rio Zêzere e captação de peixes e derivados para deleite dos famintos cidadãos felizes.

12º passo: Fase importante no regime será o erigir de monumentos em exaltação às figuras proeminentes da nação. Pelo menos três terão de ser erigidas: a do líder máximo de Constância, a do líder Cunhal e a de Estaline. Nota importante: todos os líderes deverão estar calçados com chinelos, sendo que o monumento de Estaline não deve ter o gorro de pele russo para evitar imagens contraditórias entre neve e praia. Outros monumentos devem ser erigidos, semanalmente, feitos em madeira com fisionomias diversas referentes aos inimigos do estado que serão apedrejados e queimados a cada sexta-feira, pela hora do almoço, para gáudio popular e para manter a solidez e coesão entre a população feliz e serena. Sendo à hora do almoço a injecção de ódio e adrenalina fará com que muitos se esqueçam de pensar em comida e assim poupa-se nos recursos. A igreja de constância passará a sede suprema do poder e a câmara a museu sobre a tortura de um passado ligado ao exterior, ao estrangeiro. Os santos e o cristo serão substituídos por figuras de regime e no altar a bolachuda figura simpática de Mao Tse Tung com a nossa senhora da não viagem ao colo.

13º passo: No léxico comum do estado a palavra bagulho deve ser eliminada (apenas utilizada para fazer alusão à empresa de carrinhos de mão dos serviços de recolha de lixo) e a árvore de seu nome oliveira será renomeada “Árvore do azeite”. Margarida, a flor, será agora chamada de “flor amarela e branca” e debaixo da chávena encontrar-se-á não mais um pires mas sim uma “base de café”, ou “chá”. Outras palavras, nomes próprios ou expressões serão apagadas. O objectivo será regressar ao modelo comunicacional criado por altura do homo-sapiens.

14º passo: Escrever um livro sobre a história de Constância, fictícia, em que as gerações futuras aprenderão que o mundo foi destruído devido à ganância da democracia e que apenas ficaram algumas ilhas espalhadas pelo globo que se juntam anualmente na Quinta da Princesa, ilhas essas que respeitaram a vontade suprema de Jesus Lenine, de expulsar a escória dos seus terrenos, aqueles que falavam de forma repugnantemente livre, pluralista e democrática. Ser-lhes-á ensinado que o mundo pode ver-se pelo telescópio, máquina símbolo do avanço do Estado e através dele verão o céu, vazio, pensando ser o resto do mundo. Se alguma vez, por azar virem carros ao longe, para os lados de Tramagal ou Montalvo e Barquinha, tratar-se-ão de zombies, tristes não-humanos que vão morrendo de livre arbítrio.

Todos os outros passos terão em conta as naturais etapas evolucionárias da revolução sendo que o lema outrora odiado pelos cidadãos de Constância, pela sua veia ditatorial e opressora, será reinstituído agora com a expressão “Orgulhosamente sozinhos” (“Sós” poderia ser lido como pedido de socorro). Mote para a espantosa vida próspera que espera os amáveis e nada conflituosos cidadãos isolados da podridão do mundo.

Porque uma nação deve ter objectivos, um destes deve prender-se com um plano camuflado de transladar o corpo de Cunhal e substituir a estátua de Camões com uma lápide do primeiro. O maior objectivo deve ser o da conquista do mundo com a sua imagem, mudando o mundo com a felicidade latente que reinará no concelho… perdoem-me, Estado, fazendo do embargo a novos residentes a maior arma, espicaçando-os a querer mudar o mundo para que todo ele seja como Constância, fechadinha, bonitinha e com um chop-suey de chorar por mais. A longo prazo, cerca de oitenta gerações depois, o plano deverá ser concretizado.

O único senão de tudo isto é a extinção da associação da ave branca. Aquela que traz jovens estrangeiros que são mais adorados que os que nasceram ou viveram largos anos em Constância, esse grandioso Estado, e que saíram para alimentar as famílias devido à falta de matéria “alimentar” no outrora concelho. Também de falta de matéria-prima a associação morrerá.

Danos colaterais que nada implicam no plano maior das coisas. Avante que para trás é que é caminho!!

Daqui me despeço e boa sorte, sinceramente, para todos vós. O meu Avante é bastante diferente e este vosso comunismo não é o meu mas “prontos”. Também eu sou amor e carinho…







quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Elliott Smith no filme "The Royal Tenenbaums"

Discordâncias cerebrais

E se um dia os que plagiam a ignorância de tantos caíssem de costas paralisados sobre a terra revolta e injusta, cravada a lâminas de incompreensão de tudo o que alguns se rodeiam. O conhecimento pode ser ignorância. Conhecimento absoluto sobre o nosso umbigo, sobre o cheiro dos sovacos lacrimejantes e faces fortes contrastantes dos vizinhos. O conhecimento de quem julga reter em si e no seu redor próximo tudo quanto importa e é vital para viver bem e ser respeitado. O erro mortal de julgar a vida dos outros como algo finito, absorvendo livros completos das outras vidas com a visão, com a orelha afinada para o seu próprio interior.
Não haverá nunca guerra iniciada por quem respeita o outro, os outros. Proclamar a justiça de quem dispara a primeira bala, palavra, gesto, é um acto lúgubre que se dissolve aos sentidos de quem maneja a verdade, por mais inabsoluta que seja a verdade, por mais inalcançável que esta possa ser. Num dia as verdades caem por terra. Num dia tudo o que damos por certo muda. Talvez aqueles, poucos, que procuram várias verdades e não se contentam com apenas uma, se preparem melhor, outros com apenas uma tentativa acertam na suprema.
Não dar conta do insucesso do egoísmo é dar largas ao pesadelo do fracasso. A pocilga de ideias que muitos ostentam no topo dos pescoços tornar-se-á um dia inevitável transtorno cardíaco. Não que sejam mortais mas porque somos mortais. O livro da vida de cada um escreve-se todos os dias, a cada momento. Assim o faço agora mesmo ao escrever estas palavras. Nada é mais estúpido e incompetente que julgar que a democracia tudo avaliza. A democracia tudo permite, isso sim, mas por detrás do permitir está o bom senso que nos obriga a pensar antes de efectuar, agir.
Por este concelho fora há quem pense e aja e quem aja simplesmente. Há também quem aja e depois seja obrigado a pensar, mais tarde, já longínquo do acto. A selvajaria do peito destes últimos faz com se vejam rodeados de palco de ervas altas, leões e abutres à espreita. Para esses o meu profundo pesar.
Há quem viva bem consigo mesmo, no meio da selva. Até um qualquer dia em que a mão dos justos desce do inferno e soletra o nome dos criminosos. A vida é uma série de episódios. Há programas, séries, produtos televisivos que ninguém vê mas que continuam a ir para o ar. Há dois programas com audiências fraquíssimas, apenas tiveram picos de audiência. Esses programas estão suspensos. Reescreve-se o guião nos bastidores. Quando estiver pronto será mais justo e aí os injustos estarão na caixa mágica, como actores. As “Instituições Totais” de Goffman andam por aí, hoje como dantes. Talvez hoje com outros actores sociais mas o mesmo julgamento e, acima de tudo, o mesmo veredicto.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Jesus é grande



Estas imagens que, certamente, já muitos viram são a prova cabal de que Jesus nunca dorme. É um trabalhador intenso que até vai para o meio da multidão para observar jogos...

Ok, não é bem isso. Jorge Jesus é Sportinguista. Facto que não deve melindrar. O Jesualdo, por mais conspurcado que esteja pelos ares do costa, é benfiquista. O Figo que é símbolo do Sporting tem costelas benfiquistas por todo o corpo. O João Vieira Pinto que já foi ídolo verde e encarnado é portista dos sete costados. O Moutinho, o Paulo Bento, Miguel Veloso... Enfim, o que conta é o trabalho feito.

Jesus ainda nada fez no Benfica, tirando as goleadas e uma equipa a jogar melhor que o ano passado, o que não era difícil. O que se espera dele é que ganhe este fim-de-semana até para demonstrar ainda mais o seu profissionalismo. Se ganhar afunda o Sporting no pântano, se é que já nele não estão.

Anda lá Jesus, defensor dos pobres e do povo, empurra os aristrocatas verdes para a lama, nas suas vestes doiradas e collants de cetim...

No fim da época se o Sporting lá chegar, podes ir ao Jamor outra vez que ninguém se chateia contigo. Desde que ganhes também o campeonato...