terça-feira, 27 de outubro de 2009

Uma banda única. A beleza da arte de fazer sentir

O MJ bar

Deparei-me com algumas coisas escritas sobre o Mj bar do amigo Pedro Varino que me suscitaram algumas ideias. Num concelho morto (perdoem-me a expressão tão violenta) é de louvar um espaço como aquele. É um espaço que leva pessoas de todos os lados da região a ir ao concelho. A programação é repetitiva e, ultimamente, pouco imaginativa mas compreende-se a falta de recursos humanos. O bar é acolhedor e enche com facilidade. Tem uma convivência alegre e reúne os cidadãos de todo o concelho, de um e outro lado da margem do nosso Tejo. Se criticam o bar é porque não sabem o que fazem.
Um amigo meu de Torres Novas foi lá uma vez e ficou surpreendido pela confusão (positiva) que ali acontecia, numa aldeia de sombras em que se houve o vento nas horas de maior acção. Sou um cliente muito pouco assíduo mas é sempre mais uma razão para visitar minha terra. Têm havido episódios menos felizes, fruto do excesso de algumas pessoas, com prejuízos irreparáveis e outros muito menos graves, mas a culpa não é de ninguém a não ser dessas mesmas pessoas. Acontece em qualquer espaço aberto ao público.
Aproxima-se mais um aniversário do espaço. Os meus parabéns adiantados ao Pedro e sua equipa. Que as ideias não se apaguem e que muitos anos de sucesso conheça. Bem haja à iniciativa e bem haja ao trabalho de quem é empreendedor!

O vento dos blogues ou o vento das cabeças...

Tenho de ser sincero... Não esperava ver e ler algumas das coisas que li e vi nestes últimos dias. Tenho lido os blogues com maior atenção, de lés a lés e é íncrivel a quantidade de rancor e dor que por aí há. O mais triste é ver que muitos são amigos de longa data e se desviam agora uns dos outros por causa de politiquices. Reconheço nesta gente do concelho de Constância uma especial aptidão para isso: "ou estás connosco ou contra nós". Isto é triste. Em vez de discutirem política como adultos parecem crianças em volta de um brinquedo novo. Talvez precisem de um pouco de ritalina para vos acalmar os ímpetos destrutivos.

Por este caminho despedeçarão a comunidade. Aos amigos afectos à CDU e que também entram (em quota parte igual) nestes jogos de poder online, não se esqueçam que o vosso poder não dura sempre e que quando o concelho mudar de cor (porque muda, leve 4 ou 8 ou 12 ou mais anos) não serão esquecidas as vossas palavras e os vossos actos...

Quanto aos outros que não são afectos ao actual poder não se esqueçam que um dia poderão sê-lo e que nada se esquece também!

À volta do bagulho a poeira não assenta. Uns cegos outros roucos, assim vai a luta de galos em Constância...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ricardo Araújo Pereira

Importa ler a sua crónica na última Visão porque apesar de cómica não deixa de ser um alerta à nossa (adormecida) visão e perspicácia democráticas. http://aeiou.visao.pt/portugal-rabejador-da-europa=f534148

Está na hora do vento mudar... Digo eu... espero que isto de ser Ribatejano e viver lado a lado com tanta tourada não seja mau agoiro...

Os Políticos

Durante a semana passada estive num colóquio cuja temática era "A política e as novas tecnologias". Embora não sendo a minha área por exactidão curricular fui levado a comparecer. Foi uma boa semana passada em Lisboa apesar dos dois dias em que a chuva teimou em aparecer. Na minha área, a saúde, só se encontram políticos quando algo de grave acontece ao físico ou ao psicológico. É claro que em Torres Novas onde trabalho poucos são os que encontro, apesar de ser estabelecimento privado. Estava à espera de encontrar alguns políticos, nomeadamente alguns novos deputados, os mais jovens... Zero. Isto apesar de na lista de inscritos estarem alguns. Após algumas conversas apercebi-me que os vastos currículos que alguns desses políticos ostentam são na verdade falsos testemunhos das suas vidas. Os seus nomes constavam da lista de inscritos mas logo me segredaram que é prática comum os políticos ou pessoas ligadas à política (sabendo que muitos outros profissionais o fazem) inscreverem-se em colóquios, conferências e outros eventos académicos, para depois enviarem alguém que levante o comprovativo de presença e participação no dito evento. Assim também eu! Uma vez que para a minha profissão a temática nada influiria fiquei desiludido por saber-me interessado por algo sobre o que os reais interessados desprezaram singelamente.
Não admira pois que, ao ligar para casa após mais uma sessão do colóquio, o meu filho me tenha perguntado o que fazia longe de casa e eu tenha respondido com a temática do evento. Ao ouvir o tema nada percebeu, obviamente. Percebeu tanto quanto um miúdo de cinco anos perceberia, mas tocou alarme com a palavra "política" e logo disparou: não são aqueles que só dizem mentiras? Fiquei estupefacto pelo comentário e respondi com polido discurso politicamente correcto: são só alguns filho, só alguns, não todos. Pensei logo no momento no perigo que aí vem. Aos cinco anos os miúdos já os têm como mentirosos... Para onde vamos caminhar? Não é desculpá-los mas por alguns não devem outros sofrer. Entre 100 maçãs haverá metade podres e outra tanta saudável. Não fui eu nem a minha mulher quem lhe ensinou estes costumes, isso tenho a certeza. A arreigada convicção vem de algum lado. O mundo actual dá-nos pouco tempo para educar os nossos filhos. Estão à mercê da geral vilipendiada opinião que, nestas idades, se ouve de raspão mas que a memória faz perdurar na aproximação aos adultos.
É verdade que a semana passada se provou para mim ser mais um prego no caixão da imagem que tenho dos políticos mas faltam muitos ainda para que deixem de respirar. Não podemos entrar no barco da generalização. Há políticos que honram o seu trabalho, que honram o seu discurso, a sua missão. É muito perigoso generalizar:
1- Desacredita a democracia enquanto sistema do e para o povo;
2- Descredibiliza o trabalho dos bons políticos e demotiva-os;
3- Reforça os anti-democráticos que bebem do desinteresse popular e sua abstenção;
4- Desresponsabiliza os políticos e leva a que os maus políticos se esforcem ainda mais nas suas más funções;
5- Desmotiva os bons políticos que se podem demitir do seu trabalho qualitativo: "se ninguém se importa com isto, se somos todos iguais, para que nos andamos aqui a esforçar?", daqui ao umbigo é um ápice.
Folgo poder dizer, de consciência livre e apartidária que conheço ainda muito bons políticos, ou pessoas ligadas ao "poder" seja de que índole for. Alguns pessoalmente outros do que a vida política e mediática me dá a conhcer. A nível local destaco alguns: António Mendes, Rui Carreteiro, Anabela Grácio, Miguel Pombeiro, Sérgio Carrinho, Máximo Ferreira (enquanto director do Centro Ciência Viva), entre outros que agora entram, nomeadamente em Constância e que podem ser uma mais-valia a ter em conta. Na oposição também os encontramos apesar do seu menor mediatismo.
(Nestas coisas de abstenção um aparte. Constância tem uma abstenção muito baixa o que me orgulha e sai fora da média nacional que é deplorável. Não é só porque o concelho é pequeno mas também graças às aguerridas campanhas que se levam a cabo a cada plebiscito.)
A nível nacional há outros tantos mas tenho pena que um deles esteja afastado, ou tenha sido afastado: Ferro Rodrigues. Faz-nos falta no governo, faz falta ao PS. Aprecio Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e Miguel Portas, António Costa e Jorge Sampaio, Luis Amado ou Teixeira dos Santos entre outros. Até prova em contrário continuarei com a mesma opinião.
A ver vamos, somos resistentes mas temos um limite. Importa é não generalizar...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Manual de maus costumes

Quiçá uma cobardia, pensarão muitos, mas não vou escrever sobre a polémica "instalada" em torno das declarações de José Saramago enquanto não observar o debate de amanhã na Sic do Balsemão. Sou ateu. Ponto. O nosso estado é supostamente laico. Ponto. Vivemos em democracia, pluralismo. Ponto. A nossa democracia é, por vezes (demasiadas), uma falsidade no que concerne aos escritos constitucionais. Ponto!!!! Fico à espera de reacções. Meio ponto. A verdade, muitas vezes, está longe do que tomamos por verdade. Ponto... ao cubo...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Então e os outros?

Acharão estranho não escrever aqui sobre PSD e CDS/PP. Poderão dizer que escrevo demasiado sobre a CDU e menos sobre o PS. Sobre a CDU, é normal que fale mais. É partido do poder há 23 anos e permanecerá por mais 4. Por estas razões o escrutínio é maior. Há mais base de lançamento de críticas e elogios porque a obra, boa ou má, está feita e faz-se ainda. O PS enquanto oposição tem o seu papel e não deixará de ser observada e analisada. O Bloco de Esquerda não está presente no nosso concelho (permitam-me dizer nosso, foram 24 anos de vivência) mas prevejo que ainda terei oportunidade de muito sobre ele falar. Assim cresça e a esquerda com ele.
Sobre os outros partidos, realçando mais uma vez, com a sinceridade necessária, que não sou de direita nem tenho prazer em falar da direita, não me subjugarei ao meu próprio sectarismo. No entanto há coisas desagradáveis que temos de aceitar e a democracia é isso mesmo. Há certos momentos em que, se pudessémos, por eles não passaríamos mas respeite-se a pluralidade e as exigências adjacentes a ser democrático. O PSD apesar da pouco propalada origem, teve fonte no marxismo e não num carneirismo. Apesar disso a minha discordância com quase tudo o que as pessoas afectas ao partido dizem torna-me terrivelmente parcial. A nojo da minha anti-democracia prefiro não me alongar muito sobre certos partidos. A verdade é que o PSD quase não existe em Constância. Sufoca-se de quatro em quatro anos por alguma notoriedade. Não conheço o programa. Li algumas coisas em editais públicos e poucos dos presentes nas listas conheço. Do PSD tenho eu de ouvir todos os dias nesta terra de comboios que passa vida a ver passar os navios.
O CDS/PP fez o que se esperava de um partido como aquele é: intolerante, com laivos de xenofobia, alergia aos pobres e necessitados, narcisista na pessoa do seu líder, viviado em protagonismo. A candidatura do jovem do CDS/PP só pode ser vista como uma enorme afronta a toda a população, uma gozação no mínimo. Há qualquer coisa de desprezo na candidatura. "Estamos cá mas não queremos estar, mas somos giros não somos?". Até puseram um jovem com cara de intelectual de esquerda, tal e qual a ideia feita que se tem de um intelectual de esquerda. Paulo Portas, Nuno Melo e agora, bem perto de nós, Renato Gonçalves. Diga lá menino: Três Tristes Tigres... e depois vão assanhar-se para outro lado!

Campanha e Eleições 2009 (4)

Os candidatos

Não quero aqui dizer qual a melhor pessoa. Não me julgo na posição de fazer juízos de valor sobre características pessoais de indivíduos que não conheço com clareza. Peco por falta de conhecimento nessa área mas posso dar a minha opinião das pessoas pela análise ao que se ouviu e fez durante a campanha. Margarida Veríssimo teve uma campanha diferente das vistas noutras eleições. Algo mais presente e "sofisticado" com presença de outdoors e cartazes desde o início da corrida. Pareceu-me, no entanto, uma campanha algo narcicista. uma venda de imagem auto-centrada que pode ou não ter sido bem acolhida. A verdade é que o PS melhorou substancialmente o seu resultado e quase roubou a maioria absoluta à CDU. Os socialistas podem dar-se por satisfeitos com os resultados obtidos e aqui entra o "apesar de" tudo o que já escrevi atrás, noutros posts, sobre o comportamento dos dois partidos concorrentes. Do que fizeram mal e do que outros fizearam mal. A verdade é que de Margarida muito e de PS pouco. Foi uma campanha tratada com uma imagem naif e com laivos de sonho cor-de-rosa hippie. A questão é saber se este caminho foi o que levou o PS a ganhar mais votos ou se a perder a eleição. Eu voto na primeira opção. Independentemente do juízo sobre os efeitos, a candidata não demonstrou astúcia política no que concerne a medidas e propostas inovadoras e se estas existiam diluiram-se nos ataques pessoais e partidários ferozes e insistentes à outra candidatura e seus membros.É verdade que no mundo, país em que hoje vivemos se podem ganhar eleições apenas usando da maledicências e prejuízos de outros (se até se pode ser corrupto e condenado e fazê-lo por que razão não seria) mas essa não é, de todo, a melhor postura. Criar ódios numa população tão diminuta e em que famílias inteiras beneficiam da ajuda da câmara na tal teia de relações, em que as propostas políticas passam de boca em boca, adulteradas na maior parte das vezes e com quase total eficiência, não é de todo a postura mais inteligente.
O mesmo se aplica à CDU que sempre instigou a imagem negativa dos candidatos do PS, mostrando por vezes faces dos opositores que nem existiam. Resulta? É claro que resulta, mais ainda diante de uma população envelhecida e cansada de pensar.
O Partido Comunista Português tem valores que são importantíssimos para o nosso país. São fiéis à sua responsabilidade. Uma responsabilidade social que vinca os valores de consciência política de cada um e a obrigatoriedade de haver uma população esclarecida e informada na hora de decidir. A CDU Constância há muitos anos que faz do seguidismo cego a sua luta, com mentiras e uma construção de clã astuta mas perigosa. Não existe lugar, não pode, ao ganhar a qualquer custo. Nota negativa para os dois partidos. A toda a escala.
Máximo Ferreira é uma pessoa com muito valor na sua actividade. Renomado cientista e respeitado opinionmaker. Ficaremos a saber, nos próximos quatro anos, se é um bom autarca/político. Esta gente, esta terra, precisa de bons políticos. Há já alguns, de um lado e de outro e com sensatez e dispositivos morais avançados. Talvez quando esta nuvem negra se dissipar eles possam dar o passo em frente. Assim o espero.

Campanha e Eleições 2009 (3)

Por falar tanto na CDu já consigo ver alguns comunistas a salivarem de raiva sobre o teclado. Desenganem-se sobre a minha veia anti-marxista. Estão longe da verdade. Já aqui o referi mas volto a repescar a memória. Não tenho qualquer tipo de veia partidária a correr em mim. Apenas navego do lado esquerdo da margem política.

A propósito da associação "Os Quatro Cantos do Cisne". Foi aqui que começaram as verdadeiras e mais radicais hostilidades entre PS e CDU. A associação é um motor de desenvolvimento do concelho e deve manter-se como tal. O seu pujante crescimento terá a ver com o trabalho e empenho dos seus colaboradores e profissionais. É preciso uma associação assim, com iniciativa, com espírito empreendedor. As irregularidades apontadas por Rui Pires à conduta dos membros da associação levantam suspeitas graves que devem ser atendidas com uma minuciosa investigação, tanto moral como legal. Conheço, pouco, o presidente da associação, Daniel, mas conheço muitas outras que com ele trabalham. Ao mesmo tempo que acredito que trabalhem e tenham trabalhado para um desenvolvimento positivo do concelho também acredito que estejam envolvidos em situações criadas por alguma inexperiência pessoal e entusiasmo político. A teia de relações criada no concelho a isso leva, um passo em falso a seguir ao outro enquanto as teias em redor não deixam vislumbrar o abismo. O acordo que tentaram fazer com Rui Pires pode dar a ideia de assunção de culpa. Pelo que entendi do que li e falei com algumas pessoas com conhecimento "popular" da matéria o que está em causa são ilegalidades nas assembleias e no não acolhimento por parte da direcção dos pedidos de análise de actas entre outros papéis da parte de Rui Pires. Há, claro outras situações, mas o que importa aqui é dissecar a conduta das partes. A ser verdade, os membros da associação não têm qualquer fundamento moral e ético para se manterem na direcção e devem afastar-se ou serem afastados legalmente. A ser falso,a conduta agressiva de Pires deve ser dissecada por todos, principalmente ele próprio.
O facto é que este assunto transbordou para a campanha e foi centro nevrálgico no tornado de críticas e acusações que se seguiram, relegando o real valor das propostas para segundo ou até terceiro plano. Rui Pires sai da CDU em conflito e muda de barricada. Vira-se imediatamente contra os membros da associação que o próprio fundara. Com toda ou nenhuma razão. Não sei se é muito normal onde vive a vossa consciência mas onde a minha vive nunca o será. A título pessoal, aparentemente, Pires começa numa contenda criativa e, por certo, trabalhosa e cheia de minúcia em que publica vários artigos online e põe a circular um artigo extenso em que se defende, acusa e esgrime, qual voz solitária as ideias da sua ex-barricada. No entanto, solitária nunca pode ser o termo... Há aqui algo que não sei se foi programado pelos membros do PS mas que julgo ter prejudicado a candidatura de Margarida Veríssimo. A colagem ao PS é evidente e expressa de forma pragmática e objectiva nas suas palavras, falando em nome do partido e, automaticamente, envolvendo todas as pessoas em sua representação. Isto fez com que roubasse protagonismo à candidata e até com que desse uma imagem negativa à candidatura. O concelho faz-se de pessoas simples e muitas delas não terão gostado de tais acções. esta é a minha opinião pessoal.

Atalha-se mais uma vez e o resultado continua empatado.

Campanha e Eleições 2009 (2)

A equipa de profissionais (bem pagos) do ex-presidente António Mendes pautou-se por dar para receber. Todos os partidos o fazem dir-me-ão. Sim, concordo. Discordo apenas no sentido único que estas opções produzem. Uma cadeia e hierarquia gerada por interesses causa uma situação anti-democrática e estagna o desenvolvimento de um concelho. Se entre duas pessoas, uma com um valor profissional alto e outra com um valor profissional baixo, uma com cores políticas diferentes da CDU e outra de cores vivas da CDU se escolhe a segunda há dois resultados que se produzem: a câmara comunista fica mais forte localmente em termos políticos mas toda uma população perde pelo desprimor do valor e superioridade profissional de um "estranho".

Se a CDU continuar por este rumo, permitam-me o exagero, mas aconselho-os a fazer um protocolo de defesa com os militares de Stª Margarida e a pedirem o Castelo de Almourol emprestado por quatro anos para lá sediarem as valências camarárias. Não faz sentido. São inúmeros os casos de pessoas que se queixam de situações de desfavorecimento e outras cujo silencio podre denunciam o contrário (àparte em dias de eleições em que os segundos bradam bem alto).

A focalização no futuro do concelho tem de ser sempre mais importante que o perpetuar cego do poder através das mais mesquinhas e moralmente ultrapassadas e inválidas acções internas de quaisquer partidos. Daqui ilibo António Mendes. Não totalmente mas ilibo. Quiçá por avareza da sua equipa na procecussão das suas importantes tarefas o ex-presidente se tenha desgastado tanto a tentar tapar os buracos. (Com a saúde não se brinca e não estou aqui a fazê-lo. Os meus mais sinceros desejos de que a saúde de António Mendes melhore e se já melhorou demonstro a minha profunda satisfação.)

No concelho falta muita coisa, pouco se fez. Faltará sempre algo para fazer, haverá sempre lacuna em todos os concelhos mas 23 anos que nos trouxeram? As aldeias desfaleceram por inactividade, as suas comunidades estagnaram. Que desporto? Que cultura? Empregos qualificados para além dos já destinados da câmara? Medidas sociais e mais arrojo na defesa dos habitantes da terra? Onde está o associativismo? Centrado nos Quatro Cantos do Cisne? As respostas à maior parte de todas estas perguntas são facilmente encontradas. O problema é que vêm com anos de atraso, demasiados. agora é fácil dizer obra feita apesar de pouca. Falta estrutura humana para as infraestruturas. Falta massa crítica de comunidade. Falta abertura da CDU para novas ideias de outros quadrantes políticos. Falta menos arrogância de todos os partidos.

Uma comunidade sob suspeita e cidadãos com supeitas de outros é uma doença democrática. Que novos ventos soprem e levem a epidemia para longe, junto com a equipa que hoje nos lidera o destino.

Corto mais uma vez a petinga e vou jogar para outro artigo. Não sei o resultado deste jogo mas a ganhar não estou. Não estamos.

Campanha e Eleições 2009 (1)

Constância sofre há muitos anos, demasiados, de uma mendite aguda. António Mendes esteve no poder durante 23 anos (!) e agora que renunciou não o fez totalmente. Ficou-se como mascote de uma candidatura encabeçada por Máximo Ferreira o que, à primeira vista, pode ter sido sintoma de alguma preocupação. António Mendes foi e será recordado como um presidente sério e honesto, trabalhador, atento e sensível. Lutou contra sucessivos governos por infra-estruturas fundamentais para aligeirar assimetrias dentro do concelho. Lutou contra a própria desilusão de quem sorriu a Cavaco e dele pouco cavaco levou. Mendes deve ficar orgulhoso e satisfeito com o que fez e realizou à frente da câmara. Com isto não digo que a obra é boa, pelo contrário ou quase. A obra é simplesmente obra, normal, nada de diferente. Em 23 anos as mudanças visuais são imensas apesar de na margem sul do Tejo pouco ou nada de futuro tenha sido projectado.
O problema de Mendes foi sempre a sua equipa, a sua falta de qualidade, a estagnação quase imediata de uma ideia para o concelho que se foi perpetuando ao longo de maiorias absolutas. Mendes não podia ter feito melhor. Assim não. Para esta campanha acrescente-se a cumplicidade entre empregos e côr política e temos aqui uma sopa azeda que a sensatez não quer provar. Junte-se a polémica da associação Quatro Cantos do Cisne e a sopa já ganha contornos bolorentos.
Ora, a campanha da CDU centrou-se nestes aspectos com actores ligados à coligação e outros que nada teriam a ver com a mesma a meterem-se ao barulho. Junte-se a isto a campanha siamesa do PS mas, obviamente, do outro lado da barricada e temos uma sopa envenenada. Qual dos lados iniciou esta campanha negra? É difícil definir a maternidade desta confusão nada positiva para o esclarecimento de rumos. Se por um lado, no seu papel de oposição, o PS aproveitou o clima de suspeição a seu favor, não é menos verdade que esse clima foi "proposto" ao longo dos tempos de liderança comunista com as teias de vícios criadas ostensivamente perante as necessidades de fortalecimento do elenco camarário.
Comecemos pelos empregos, de forma breve. Num concelho que não cria oportunidades é óbvio que as pessoas se agarram àquilo que têm. É o que tem acontecido no concelho, com as pessoas, jovens e graúdos, a arreganharam os dentes na defesa das suas actividades. A intenção de dar emprego não é nada de negativo. Negativo é ver a forma como a troca de favores se consubstância numa perda de valores morais e comunitários. Uma defesa sem escrúpulos e à revelia de amizades e boas relações. Eu, por exemplo, fui alvo de bocas e afrontas de imberbes "crianças", homens e mulheres aquando das últimas eleições. Foi feio e rídiculo. Não me fere em nada até porque não me colo a nenhum partido político. Voto sempre em consciência apartidária. Fi-lo em todas as eleições em que participei com o meu voto. Já votei CDU, PS e BE e não é por aí que me sentirei atacado. Creio que fui apanhado no meio de uma turba acéfala de ideias criadas na mente das pessoas pelo medo de perderem os seus empregos. Acrescento que não estou recenseado em Santa Margarida pois vivo no Entroncamento e não julgo ser plausível votar para eleições num concelho em que não vivo. No entanto nada tenho a criticar quem faça o contrário até porque tenho conhecimento de pessoas válidas e activas na política de Constância que estão nessa situação, de um lado e outro da barricada. O facto de não votar em Santa Margarida não me impede de manter o sonho de lá voltar e de lá viver o que me leva a estar atento, muito atento, ao que por lá acontece. O medo foi o que levou as pessoas a proferir tais palavras no meu sentido. Uma vez que não me reconhecem partido ficam confusas e disparam em todos os sentidos. Este é um grave problema que deve ser afastado antes que se torne crónico (sim, tenho esperança ainda). O que mais me entristece é o facto de tal velada agressividade ter partido de pessoas que ligadas à CDU porventura não sabem sequer o significado da sigla que tanto defendem... Tenho perfeita consciência de que a CDU é um meio e não um fim para estas pessoas. É pena... A campanha, bem como a última década de liderança comunista, fica marcada pela acção destes actores.
Afrouxo este artigo e corto-o em dois. Continuação de seguida.

Viragem do vento

É esquisito isto de ter um blog. Ando por aqui há muito pouco tempo. Com "aqui" estou a referir-me a este arauto da democratização da informação que é a internet. Gostava de, aqui, espreitar algumas situações, alguns acontecimentos mais ou menos importantes sobre o nosso Portugal mas também sobre o mundo e, principalmente, sobre a minha terra, sobre o mapa que é destino do meu peito, este concelho chamado Constância que me expulsou mas não consegue arrancar-me uma despedida. Nunca!
Expulsou-me no sentido de me ter levado à estagnação pessoal e profissional. Tive a necessidade de vir viver para esta terra que não é mais que uma amálgama de betão desnorteado e cuja história não é a minha e o aroma não é doce nos meus sentidos. Falo do Entroncamento, a confusão levada ao extremo, o mais próximo que temos no nosso Ribatejo mais interior da Lisboa temporária e desorganizada.
Ponto prévio: sou de esquerda até aos ossos. Não vejo humanidade na direita, não vejo esperança de mudança na direita, não vejo mais que números que são lanterna de rumo na direita. Por mais importantes que sejam os números, que são sem dúvida, as pessoas estão sempre em primeiro lugar. Quiçá uma visão imatura da vida, uma irrealidade grotesca num mundo prostrado à objectividade dos números, da economia. Mas não será ainda mais imaturo continuarmos a vergar-nos perante a especulativa ordem da economia surreal que todos os dias afecta as nossas vidas?
Às urtigas com esses velhos ultrapassados que vivem no futuro. Às urtigas com essas ideias feitas sobre a esquerda que só querem descredibilizar perante uma população desinformada e ignorante (sem desejo de ofensa) os valores humanistas e sociais do lado mais válido e progressista da teoria política. A imaturidade não tem mais espaço em mim que aquele que lhe destino nos passos do amor e da paixão. Aí sou imaturo e continuarei a ser.
A nível local, da política local, as pessoas, mais que os partidos, mais que as crenças partidárias, têm a importância devida. Sejam elas boas ou más, razoáveis ou medíocres. Ainda é um bastião de um acreditar imenso de quem deseja uma vida melhor. Por vezes os melhores presentes vêm em pequenos embrulhos. Assim o desejo.
Inicio este blog numa semana em que José Saramago proferiu declarações sobre a bíblia e que levantaram uma onda de protestos dos mais variados quadrantes da sociedade portuguesa, com especial incidência nos conservadores e nos "velhos" de direita. Na apresentação do seu novo livro "Caín", Saramago, o nosso Nobel ribatejano, disse, entre outras coisas, que a bíblia é "um manual de maus costumes"... Logo se apressaram muitos a pedir a sua cabeça como dantes, nas negras páginas da nossa história mais negra. Às urtigas com esses decapitadores da opinião livre, às urtigas com esses mentecaptos da democracia. Sobre isto escreverei mais adiante, num outro artigo. Finalizo com uma frase presente no livro "Intermitências da morte" do mesmo Saramago, do "Livro das Previsões": "Saberemos cada vez menos o que é um ser humano".
Ainda vamos a tempo de não desaprender.