quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Campanha e Eleições 2009 (1)

Constância sofre há muitos anos, demasiados, de uma mendite aguda. António Mendes esteve no poder durante 23 anos (!) e agora que renunciou não o fez totalmente. Ficou-se como mascote de uma candidatura encabeçada por Máximo Ferreira o que, à primeira vista, pode ter sido sintoma de alguma preocupação. António Mendes foi e será recordado como um presidente sério e honesto, trabalhador, atento e sensível. Lutou contra sucessivos governos por infra-estruturas fundamentais para aligeirar assimetrias dentro do concelho. Lutou contra a própria desilusão de quem sorriu a Cavaco e dele pouco cavaco levou. Mendes deve ficar orgulhoso e satisfeito com o que fez e realizou à frente da câmara. Com isto não digo que a obra é boa, pelo contrário ou quase. A obra é simplesmente obra, normal, nada de diferente. Em 23 anos as mudanças visuais são imensas apesar de na margem sul do Tejo pouco ou nada de futuro tenha sido projectado.
O problema de Mendes foi sempre a sua equipa, a sua falta de qualidade, a estagnação quase imediata de uma ideia para o concelho que se foi perpetuando ao longo de maiorias absolutas. Mendes não podia ter feito melhor. Assim não. Para esta campanha acrescente-se a cumplicidade entre empregos e côr política e temos aqui uma sopa azeda que a sensatez não quer provar. Junte-se a polémica da associação Quatro Cantos do Cisne e a sopa já ganha contornos bolorentos.
Ora, a campanha da CDU centrou-se nestes aspectos com actores ligados à coligação e outros que nada teriam a ver com a mesma a meterem-se ao barulho. Junte-se a isto a campanha siamesa do PS mas, obviamente, do outro lado da barricada e temos uma sopa envenenada. Qual dos lados iniciou esta campanha negra? É difícil definir a maternidade desta confusão nada positiva para o esclarecimento de rumos. Se por um lado, no seu papel de oposição, o PS aproveitou o clima de suspeição a seu favor, não é menos verdade que esse clima foi "proposto" ao longo dos tempos de liderança comunista com as teias de vícios criadas ostensivamente perante as necessidades de fortalecimento do elenco camarário.
Comecemos pelos empregos, de forma breve. Num concelho que não cria oportunidades é óbvio que as pessoas se agarram àquilo que têm. É o que tem acontecido no concelho, com as pessoas, jovens e graúdos, a arreganharam os dentes na defesa das suas actividades. A intenção de dar emprego não é nada de negativo. Negativo é ver a forma como a troca de favores se consubstância numa perda de valores morais e comunitários. Uma defesa sem escrúpulos e à revelia de amizades e boas relações. Eu, por exemplo, fui alvo de bocas e afrontas de imberbes "crianças", homens e mulheres aquando das últimas eleições. Foi feio e rídiculo. Não me fere em nada até porque não me colo a nenhum partido político. Voto sempre em consciência apartidária. Fi-lo em todas as eleições em que participei com o meu voto. Já votei CDU, PS e BE e não é por aí que me sentirei atacado. Creio que fui apanhado no meio de uma turba acéfala de ideias criadas na mente das pessoas pelo medo de perderem os seus empregos. Acrescento que não estou recenseado em Santa Margarida pois vivo no Entroncamento e não julgo ser plausível votar para eleições num concelho em que não vivo. No entanto nada tenho a criticar quem faça o contrário até porque tenho conhecimento de pessoas válidas e activas na política de Constância que estão nessa situação, de um lado e outro da barricada. O facto de não votar em Santa Margarida não me impede de manter o sonho de lá voltar e de lá viver o que me leva a estar atento, muito atento, ao que por lá acontece. O medo foi o que levou as pessoas a proferir tais palavras no meu sentido. Uma vez que não me reconhecem partido ficam confusas e disparam em todos os sentidos. Este é um grave problema que deve ser afastado antes que se torne crónico (sim, tenho esperança ainda). O que mais me entristece é o facto de tal velada agressividade ter partido de pessoas que ligadas à CDU porventura não sabem sequer o significado da sigla que tanto defendem... Tenho perfeita consciência de que a CDU é um meio e não um fim para estas pessoas. É pena... A campanha, bem como a última década de liderança comunista, fica marcada pela acção destes actores.
Afrouxo este artigo e corto-o em dois. Continuação de seguida.

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