Durante a semana passada estive num colóquio cuja temática era "A política e as novas tecnologias". Embora não sendo a minha área por exactidão curricular fui levado a comparecer. Foi uma boa semana passada em Lisboa apesar dos dois dias em que a chuva teimou em aparecer. Na minha área, a saúde, só se encontram políticos quando algo de grave acontece ao físico ou ao psicológico. É claro que em Torres Novas onde trabalho poucos são os que encontro, apesar de ser estabelecimento privado. Estava à espera de encontrar alguns políticos, nomeadamente alguns novos deputados, os mais jovens... Zero. Isto apesar de na lista de inscritos estarem alguns. Após algumas conversas apercebi-me que os vastos currículos que alguns desses políticos ostentam são na verdade falsos testemunhos das suas vidas. Os seus nomes constavam da lista de inscritos mas logo me segredaram que é prática comum os políticos ou pessoas ligadas à política (sabendo que muitos outros profissionais o fazem) inscreverem-se em colóquios, conferências e outros eventos académicos, para depois enviarem alguém que levante o comprovativo de presença e participação no dito evento. Assim também eu! Uma vez que para a minha profissão a temática nada influiria fiquei desiludido por saber-me interessado por algo sobre o que os reais interessados desprezaram singelamente.
Não admira pois que, ao ligar para casa após mais uma sessão do colóquio, o meu filho me tenha perguntado o que fazia longe de casa e eu tenha respondido com a temática do evento. Ao ouvir o tema nada percebeu, obviamente. Percebeu tanto quanto um miúdo de cinco anos perceberia, mas tocou alarme com a palavra "política" e logo disparou: não são aqueles que só dizem mentiras? Fiquei estupefacto pelo comentário e respondi com polido discurso politicamente correcto: são só alguns filho, só alguns, não todos. Pensei logo no momento no perigo que aí vem. Aos cinco anos os miúdos já os têm como mentirosos... Para onde vamos caminhar? Não é desculpá-los mas por alguns não devem outros sofrer. Entre 100 maçãs haverá metade podres e outra tanta saudável. Não fui eu nem a minha mulher quem lhe ensinou estes costumes, isso tenho a certeza. A arreigada convicção vem de algum lado. O mundo actual dá-nos pouco tempo para educar os nossos filhos. Estão à mercê da geral vilipendiada opinião que, nestas idades, se ouve de raspão mas que a memória faz perdurar na aproximação aos adultos.
É verdade que a semana passada se provou para mim ser mais um prego no caixão da imagem que tenho dos políticos mas faltam muitos ainda para que deixem de respirar. Não podemos entrar no barco da generalização. Há políticos que honram o seu trabalho, que honram o seu discurso, a sua missão. É muito perigoso generalizar:
1- Desacredita a democracia enquanto sistema do e para o povo;
2- Descredibiliza o trabalho dos bons políticos e demotiva-os;
3- Reforça os anti-democráticos que bebem do desinteresse popular e sua abstenção;
4- Desresponsabiliza os políticos e leva a que os maus políticos se esforcem ainda mais nas suas más funções;
5- Desmotiva os bons políticos que se podem demitir do seu trabalho qualitativo: "se ninguém se importa com isto, se somos todos iguais, para que nos andamos aqui a esforçar?", daqui ao umbigo é um ápice.
Folgo poder dizer, de consciência livre e apartidária que conheço ainda muito bons políticos, ou pessoas ligadas ao "poder" seja de que índole for. Alguns pessoalmente outros do que a vida política e mediática me dá a conhcer. A nível local destaco alguns: António Mendes, Rui Carreteiro, Anabela Grácio, Miguel Pombeiro, Sérgio Carrinho, Máximo Ferreira (enquanto director do Centro Ciência Viva), entre outros que agora entram, nomeadamente em Constância e que podem ser uma mais-valia a ter em conta. Na oposição também os encontramos apesar do seu menor mediatismo.
(Nestas coisas de abstenção um aparte. Constância tem uma abstenção muito baixa o que me orgulha e sai fora da média nacional que é deplorável. Não é só porque o concelho é pequeno mas também graças às aguerridas campanhas que se levam a cabo a cada plebiscito.)
A nível nacional há outros tantos mas tenho pena que um deles esteja afastado, ou tenha sido afastado: Ferro Rodrigues. Faz-nos falta no governo, faz falta ao PS. Aprecio Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e Miguel Portas, António Costa e Jorge Sampaio, Luis Amado ou Teixeira dos Santos entre outros. Até prova em contrário continuarei com a mesma opinião.
A ver vamos, somos resistentes mas temos um limite. Importa é não generalizar...
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