quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Viragem do vento

É esquisito isto de ter um blog. Ando por aqui há muito pouco tempo. Com "aqui" estou a referir-me a este arauto da democratização da informação que é a internet. Gostava de, aqui, espreitar algumas situações, alguns acontecimentos mais ou menos importantes sobre o nosso Portugal mas também sobre o mundo e, principalmente, sobre a minha terra, sobre o mapa que é destino do meu peito, este concelho chamado Constância que me expulsou mas não consegue arrancar-me uma despedida. Nunca!
Expulsou-me no sentido de me ter levado à estagnação pessoal e profissional. Tive a necessidade de vir viver para esta terra que não é mais que uma amálgama de betão desnorteado e cuja história não é a minha e o aroma não é doce nos meus sentidos. Falo do Entroncamento, a confusão levada ao extremo, o mais próximo que temos no nosso Ribatejo mais interior da Lisboa temporária e desorganizada.
Ponto prévio: sou de esquerda até aos ossos. Não vejo humanidade na direita, não vejo esperança de mudança na direita, não vejo mais que números que são lanterna de rumo na direita. Por mais importantes que sejam os números, que são sem dúvida, as pessoas estão sempre em primeiro lugar. Quiçá uma visão imatura da vida, uma irrealidade grotesca num mundo prostrado à objectividade dos números, da economia. Mas não será ainda mais imaturo continuarmos a vergar-nos perante a especulativa ordem da economia surreal que todos os dias afecta as nossas vidas?
Às urtigas com esses velhos ultrapassados que vivem no futuro. Às urtigas com essas ideias feitas sobre a esquerda que só querem descredibilizar perante uma população desinformada e ignorante (sem desejo de ofensa) os valores humanistas e sociais do lado mais válido e progressista da teoria política. A imaturidade não tem mais espaço em mim que aquele que lhe destino nos passos do amor e da paixão. Aí sou imaturo e continuarei a ser.
A nível local, da política local, as pessoas, mais que os partidos, mais que as crenças partidárias, têm a importância devida. Sejam elas boas ou más, razoáveis ou medíocres. Ainda é um bastião de um acreditar imenso de quem deseja uma vida melhor. Por vezes os melhores presentes vêm em pequenos embrulhos. Assim o desejo.
Inicio este blog numa semana em que José Saramago proferiu declarações sobre a bíblia e que levantaram uma onda de protestos dos mais variados quadrantes da sociedade portuguesa, com especial incidência nos conservadores e nos "velhos" de direita. Na apresentação do seu novo livro "Caín", Saramago, o nosso Nobel ribatejano, disse, entre outras coisas, que a bíblia é "um manual de maus costumes"... Logo se apressaram muitos a pedir a sua cabeça como dantes, nas negras páginas da nossa história mais negra. Às urtigas com esses decapitadores da opinião livre, às urtigas com esses mentecaptos da democracia. Sobre isto escreverei mais adiante, num outro artigo. Finalizo com uma frase presente no livro "Intermitências da morte" do mesmo Saramago, do "Livro das Previsões": "Saberemos cada vez menos o que é um ser humano".
Ainda vamos a tempo de não desaprender.

1 comentário:

  1. Oh! Pá! Que ventania!
    Cá o Cidadão abt ouviu dizer que roubaram um comboio aí no Entroncamento! Esse que estava sobre um pedestal, no jardim!

    Será verdade???

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